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Melzinho. Já ouviu falar? Bem, dê um Google e verá muitas ofertas (inclusive na Amazon e Mercado Livre), além de muitas promessas. Vendido como um estimulante sexual, que promete ser 100% natural, ele está ganhando cada vez mais popularidade especialmente entre os jovens. Tanto que é chamado ‘carinhosamente’ de  ‘melzinho do amor’.

O produto, que virou moda em São Paulo e outros estados em março deste ano, já chegou ao interior (inclusive Avaré) e está disponível pela internet e até mesmo em lojas físicas. No entanto, pode ser muito perigoso para a saúde e conter componentes que não estão descritos na embalagem.

No rótulo do ‘melzinho do amor’, o produto é descrito como feito de mel, própolis, agrião e guaco, ingredientes comuns para tratamento de doenças relacionadas ao sistema respiratório.

O que não está descrito, porém, é que o ‘melzinho’ contém Sildenafil, componente usado em remédios para disfunção erétil, em uma dose equivalente a mais de dois comprimidos do medicamento, o popular ‘Viagra’ ou ‘azulzinho’.

O perigo é que a substância Sildenafil pode acarretar em uma “diminuição da pressão arterial que pode ser fatal”, de acordo com a perita farmacêutica Paula Carpes Victório e que pode ser ainda pior quando associada ao consumo de bebidas alcoólicas, que potencializam o efeito do estimulante. Para pessoas com complicações cardíacas, principalmente, o ‘melzinho do amor’ pode trazer diversos problemas.

Pop star – E aí está o grande problema: notoriedade. Utilizado nas brabas festas clandestinas principalmente entre os jovens, o melzinho é citado em letras de funk e por famosos como o ex-jogador Vampeta. Na internet, são inúmeros os sites de venda que oferecem o produto, além de páginas nas redes sociais criadas para promover sua comercialização.

Apesar de ter virado febre, o estimulante não possui autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser vendido no Brasil. Assim, quem comercializa o produto está cometendo crime. Contudo, infelizmente o assunto ainda não recebeu a atenção devida das autoridades sanitárias e enquanto isso não acontece, jovens correm risco não apenas de contaminação pelo vírus, mas de mortes que podem ser desencadeadas pelo ‘felzinho’.

Ao menos seis marcas estão sendo vendidas no Brasil — cinco delas importadas e produzidas em países como Líbano e Malásia. Apenas uma delas é nacional, comercializada por uma empresa sediada em São Paulo.

Sites de compras oferecem a entrega do produto para todo o Brasil, assim como perfis no Instagram, com pronta-entrega em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Em geral, todas as marcas prometem basicamente a mesma coisa: aumento do desejo sexual e melhoria significativa do desempenho (de homens e mulheres) durante as relações, por vários dias seguidos.

Na internet, famosos já fizeram propaganda do mel, que virou moda principalmente no universo do funk.  O funkeiro MC Kevin, que morreu ao cair de um hotel no Rio, também já tinha admitido o uso do estimulante. O mel ainda virou música criada por outro MC, o Di Magrinho. O mel ainda virou música criada por outro MC, o Di Magrinho.

MC Ryan, intérprete do funk “Rei da Revoada, Gordinho Bololô”, fez o produto virar sucesso de vendas. Ele é nada mais, nada menos que o garoto propagando do melzinho afrodisíaco, ou mel árabe ou mel do amor.  Em entrevista para o canal do YouTube da produtora Kondzilla, MC Ryan garante a eficácia do estimulante. “Te deixa galudão por 3 dias”, afirma.

Segundo a Anvisa, em razão da divulgação atribuindo ao melzinho propriedades terapêuticas, principalmente com atuação como estimulante sexual, seria necessário que a permissão fosse para a venda de medicamentos. A Anvisa diz ainda que não há clareza sobre os ingredientes do produto, apesar de as embalagens anunciarem que ele contém apenas mel e extratos naturais.

O urologista Artur Ramos Moreno alerta para os riscos de consumir um produto sem ter certeza daquilo que compõe sua fórmula. “Há um risco muito grande para as mulheres, pois os estudos para o sildenafil foram apenas para os homens. Então não se sabe os efeitos que essa substância pode ter para as mulheres. Principalmente as grávidas e lactantes. Há, ainda, os riscos de misturar essa substância com o álcool.

A Anvisa ressalta que por se tratar de um produto não permitido no Brasil, sua importação por pontos de entrada regulares (aeroportos e portos) não é permitida e se o ingresso estiver ocorrendo por canais irregulares, quem entra no país com o produto comete o crime de contrabando. A agência  já abriu um dossiê de investigação sanitária para avaliar o caso e, sendo confirmadas as irregularidades, serão adotadas as medidas de fiscalização cabíveis, mas não há novas informações sobre o caso.

Apesar disso, o produto continua vendido pela internet principalmente e pode ser encontrado tanto em adegas, lojas de convênios, sex Shops e em sites. O mel custa cerca de R$ 20 e R$ 80 reais por sachê e uma caixa pode chegar a R$ 300. Sua procedência é duvidosa e já existem até versões falsificadas. Apesar de conhecido também como “mel árabe”, o produto é de origem asiática, produzido na Malásia.

O cardiologista Tales Esper explica que o Citrato de sildenafila ou simplesmente sildenafil é um fármaco que é vendido sob os nomes de Viagra e Revatio, o mesmo que é usado no “Melzinho do Amor”, e é indicado para pacientes do sexo masculino com disfunção erétil. Segundo o médico, existem alguns riscos para a saúde de jovens que fazem o consumo desse produto e há uma grande incidência de efeitos colaterais, principalmente relacionados a problemas cardio-vasculares. O especialista diz ainda que jovens, do sexo masculino, que sofrem algum problema que atinge seu desempenho sexual deve procurar um profissional dessa área.

(Fontes Saúde UOL, IstoÉ e Anvisa)

 

 

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