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Marcada pela falta de participação popular e a ausência de prefeitos e secretários da saúde, tanto de Avaré quanto da região, a audiência pública sobre a polêmica saída do Samu- Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do município, foi realizada na manhã de hoje no Legislativo. Funcionários do Samu estiveram presentes, além de alguns vereadores e do único secretário municipal, Ronaldo Guardiano, da Administração.

A audiência foi solicitada pelo líder do PSD na Câmara Carlos Wagner com o objetivo de reunir prefeitos de toda a região em torno da manutenção do Samu, já que o serviço é regional e atende várias cidades. Além dele, estiveram presentes os vereadores Adalgisa Ward (PSD), Marcelo Ortega (Podemos), Luiz Claudio (PSD), Carlos Flores (MDB), Ana Paula (Republicanos), Magno Greguer (PTB), Jairinho do Paineiras (PTB) e o presidente da Casa, Flávio Zandoná (Cidadania).

Ronaldo Guardiano foi o único secretário presente e que deu início a audiência mostrando um panorama financeiro dos gastos de Avaré com o Samu para provar as diferenças financeiras de contribuição de outros municípios. Ele enfatizou o tempo todo que a cidade arca com mais despesas que outras cidades conveniadas ao consórcio da Amvapa – Associação dos Municípios do Vale do Paranapanema para manutenção do serviço regional.

Vários funcionários presentes se manifestaram, fazendo questionamentos. Entretanto, muitas questões ficaram sem respostas já que só o secretário de Saúde Roslindo Machado estaria apto a respondê-las e não estava presente.

Um dos momentos mais emocionantes foi quando a enfermeira Andreia Leme usou a tribuna falando da importância do Samu para a população de Avaré e região, mostrando como é a realidade destes profissionais que foram considerados verdadeiros heróis durante a pandemia. “ Não desistam de nós, porque nós não desistimos de vocês”, disse, chorando, em apelo aos vereadores e aos presentes.

Houve um momento de tensão quando o internauta Paulo Proença chamou os vereadores Flávio Zandoná e Carla Flores de “covardes” por não terem permitido que ele usasse a tribuna – alegação que foi rebatida.

Comparativos financeiros (acima) apresentados pelo secretário de Avaré

Funcionários do SAMU participaram da audiência

Saída incerta

Durante a audiência, tanto vereadores como o secretário, deixaram claro que a suspensão do Samu em Avaré é incerta. “Ele (Roslindo) foi infeliz na fala dele referente ao Samu, mas foi dito e agora temos que administrar esse caos”, acabou desabafando Guardiano no final da audiência.

Marcelo Ortega explicou que essa suspensão tem um trâmite a ser seguido e não pode ser feita apressadamente; inclusive citou que o Legislativo teria que votar a decisão, revogando a lei que instituiu o Samu no município. Tanto ele, quanto outros edis reforçaram que o momento é de diálogo.

Ausências e descaso

Ao abrir a audiência Zandoná frisou que todos os prefeitos envolvidos no consórcio e o presidente da Amvapa, José Roberto Santinoni Veiga (Betinho) foram convidados, mas nenhum apareceu, num total descaso – incluindo o prefeito Jô Silvestre e o secretário Roslindo Machado que gerou toda a polêmica.

Guardiano foi questionado várias vezes sobre a ausência de Roslindo, mas não soube explicar o motivo de sua falta. Ele insistiu nas distorções financeiras, comparando o que Avaré paga a outras cidades, afirmando que o ideal seria cerca de R$ 1,80 por habitante. O secretário criticou ainda o prefeito de Fartura Luciano Filé. “Foi infeliz na postagem” disse referindo-se a uma postagem Filé nas redes sociais, na qual afirma que “se a gestão avareense não tem competência para gerir o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, nós temos e faremos acontecer”.

Para o secretário é preciso rever os valores e o consórcio assumir tudo, mantendo a sede em Avaré. “Se a Amvapa se recusar a fazer o acordo o prefeito pensa em criar um serviço municipal (…) Sem Avaré a Amvapa não consegue gerir o Samu”, argumentou.

O vereador Carlos Wagner lamentou a falta de Betinho e dos demais prefeitos interessados, além do secretário de Avaré e reforçou que o Samu não pode parar “por causa de rusgas pessoais”, que ele classificou de absurdo, referindo-se a fala de Roslindo sobre a médica contratada pela Amvapa e contra a qual alega ter problemas. “Vamos fazer tudo para que o Samu não saia de Avaré”, frisou. Zandoná também lamentou a falta de participação de prefeitos e de representantes locais, afirmando que “ainda não está batido o martelo”.

Até mesmo o assunto do Pronto Socorro veio à tona, já que tanto o P.S. quanto a Santa Casa atendem toda a região, mas apenas três cidades colaboraram financeiramente – Iaras, Manduri e Águas de Santa Bárbara. Durante a pandemia, segundo Guardiano, 60% dos atendimentos foram de pacientes da região.

Entenda a polêmica

Numa audiência da saúde realizada no final do mês passado, o secretário de Saúde Roslindo Machado acabou revelando que Avaré tinha solicitado ao Ministério da Saúde seu desligamento do Samu, suspendendo o serviço. A declaração obviamente causou enorme repercussão com protestos de toda a população que é atendida e beneficiada pelo serviço.

O argumento era de que Avaré tem arcado sozinha com as despesas mensais do SAMU; para ele, apesar de ser regional, o serviço não tem apoio financeiro por parte de outras cidades atendidas por ele. “Avaré banca tudo. Não precisamos do SAMU regional. Gastamos 450 mil para atender outros municípios”, argumentou o secretário, anunciando ainda que a ideia era criar um SAMU municipal. Contudo, outra “motivação” para o cancelamento do SAMU seria uma médica da Amvapa- Associação dos Municípios do Vale do Paranapanema que estaria causando problemas, segundo Roslindo. Ele se referia a  médica Ana Caroline Alves Fernandes Poçarli que ganhou uma ação trabalhista contra o consórcio intermunicipal do alto vale do Paranapanema – Amvapa, após sua demissão sem observância do processo administrativo. A demissão de Ana Caroline foi motivada por uma perseguição do Secretário de Saúde de Avaré, Roslindo Machado, contra a médica.

Para piorar a situação, o prefeito Jo Silvestre chegou a dizer que todos os funcionários seriam demitidos numa entrevista a uma rádio. Contudo, a imprensa revelou que a decisão também poderia estar “justificada” pelo fato de a cidade ter perdido a verba que recebia do governo federal. O corte de verba ocorreu pela falta de contratação de médicos (4 no total). Isso gerou a chamada desqualificação de Avaré – responsável pela contratação.

Em reação, prefeitos de Fartura e Arandu se manifestaram nas redes sociais e as cidades de Itaí, Paranapanema e Taquarituba se candidataram a sediar o Samu regional. A Amvapa se manifestou afirmando que cumpre com suas obrigações.

Lamentavelmente nenhum deles foi a audiência de hoje.