Tela Candomblé, de Djanira, estudo de mural, 1967
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Gesiel Júnior 

Especial para o In Foco

 

Tida como uma das exposições mais antigas e mais prestigiosas do mundo artístico, a Bienal de Veneza programada para acontecer entre 20 de abril e 24 de novembro de 2024, terá como curador o brasileiro Adriano Pedrosa (foto) que selecionou a pintora avareense Djanira da Motta e Silva, como uma das participantes.

Além de Djanira a mostra contará com obras de outros artistas plásticos renomados já falecidos, dentre os quais Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Cândido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti e Maria Martins, todos amigos e contemporâneos da pintora avareense. Entretanto, ainda não se sabe quais telas e esculturas os representarão na Bienal 2024.

A mostra que começou em 1895, considerada um barômetro da arte global, é composta por uma exposição principal no Padiglioni Centrale (Pavilhão Central); pavilhões organizados por dezenas de países; e exposições organizadas de forma independente marcadas pela Bienal como eventos colaterais oficiais.

Desde o início, os organizadores da Bienal incentivaram os países a construírem seus próprios pavilhões em Veneza para apresentar as exposições de um ou mais artistas, com o entendimento de que as próprias nações arcariam com todos os custos de construção, manutenção e programação.

“Estrangeiros em Todos os Lugares”

Atual diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pedrosa foi indicado pelo Conselho da “La Biennale di Venezia” responsável pela curadoria da 60ª Exposição de Arte Internacional. Isso o torna o primeiro curador brasileiro da Bienal de Veneza e também o primeiro do hemisfério sul. Em coletiva de imprensa na Itália, ele anunciou 332 nomes que participarão da mostra deste ano, bem como também explicou em mais detalhes os conceitos que serão abordados nela.

Intitulada “Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere” [Estrangeiros em Todos os Lugares], a Bienal 2024 terá foco no atual deslocamento humanitário. O conceito de “estrangeiro”, neste caso, abrange além da atual e crescente crise de refugiados e das heranças da diáspora, compreendendo também aqueles que são postos na condição de “estrangeiro” em seu próprio território.

A exposição será dividida em dois núcleos principais, um contemporâneo e outro histórico. O primeiro inclui artistas LGBTQIAP+, marginalizados, autodidatas (ou “populares”) e indígenas.

 

Modernismo global

Já o Núcleo Histórico se concentrará em “modernismos globais” e “modernismos do Sul Global”, com três seções dedicadas ao retrato e representação, à abstração e à diáspora italiana no Sul Global.

Pedrosa considera esta seção “muito semelhante a um ensaio, um rascunho, um exercício curatorial especulativo que procura questionar os limites e definições do modernismo”.

“Estamos todos familiarizados com as histórias do modernismo na Euro-América, mas os modernismos no Sul Global permanecem em grande parte desconhecidos. O conhecimento sobre estes é limitado, na melhor das hipóteses, aos especialistas de cada país ou região. No entanto, conectar e exibir esses mundos juntos será de alguma forma revelador. É neste sentido que estas histórias assumem uma relevância verdadeiramente contemporânea, precisamos urgentemente aprender mais sobre e a partir delas”, explica.

Sobre a escolha de Djanira e de todos os outros artistas, o curador disse que buscou dar prioridade aos que nunca participaram da Exposição Internacional. A extensa lista de selecionados chama bastante atenção.

Dentre eles, vale destacar a presença significativa de 30 artistas brasileiros, entre indígenas, naturalizados, ícones do movimento modernista nacional, além daqueles que tiveram reconhecimento tardio e contemporâneos proeminentes.

Confira a lista completa aqui.

 

Djanira da Motta e Silva em seu ateliê, no Rio, 1963
Pavilhão central da Bienal de Veneza