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Além dos canais tradicionais de denúncias, as mulheres contam com uma ajuda inovadora: o Projeto Justiceiras, que vem servindo como um guardião da vida de milhares de mulheres brasileiras ameaçadas por ex e atuais companheiros, evitando que a tragédia do feminicídio se perpetue.

O projeto, criado na pandemia por conta do aumento gritante da violência, comemora 3 anos em março de 2023. Idealizado pela advogada, promotora de Justiça de São Paulo (2003/2022), Gabriela Manssur, e em conjunto com mais de 13 mil voluntárias de todo Brasil e em 27 países do mundo, o Justiceiras tem a proposta de apoiar e acolher  mulheres que buscam sair da violência e a reconstruir suas vidas.

Na época de sua criação, em plena pandemia, somente em março de 2020 foram decretadas 2.500 medidas protetivas em caráter de urgência, enquanto, no mês anterior, em fevereiro, foram 1.934. Houve também o aumento no número de prisões em flagrante devido a casos de violência doméstica em aproximadamente 50%. Em fevereiro, foram registradas 177, e, em março, subiram para 268.

Este cenário levou a idealizadora a buscar parceiros e a reunir uma rede de voluntárias para prestar apoio às vítimas. Profissionais das áreas jurídica, psicológica, médica, assistência social e rede de apoio se engajaram na iniciativa e se colocaram à disposição para prestar orientações nos âmbitos jurídicos, psicológicos, médicos, assistência social, e, ainda, oferecer uma rede de acolhimento para apoiar mulheres em situação de violência nessa difícil fase de buscar ajuda e fazer uma denúncia. Tudo de forma gratuita e on line.

De acordo com Gabriela, a proposta tem a missão de eliminar a dificuldade de deslocamento para buscar ajuda e visa contribuir com as informações necessárias para que a mulher possa denunciar o agressor e lutar pelos seus direitos de defesa e proteção sem sair de casa. O Justiceiras possibilita uma orientação para que mulheres em situação de violência realizem quando desejarem, o boletim de ocorrência on-line ou presencial, ou façam o pedido de medidas protetivas.

 

 

Força tarefa

A promotora Gabriela Manssur.

 

Assim pode ser definido o projeto: uma imensa força tarefa que reúne voluntárias das mais diversas áreas para dar suporte em vários níveis às mulheres. São mulheres ajudando umas às outras, afinal em meio a agressões ou situações de perigo, a vítima não sabe ao certo o que fazer, quem procurar, para onde ir, como pedir ajuda. Estas e outras perguntas são respondidas pelas justiceiras.

Ao entrar em contato por whatsApp ou pelo site (veja abaixo),  as mulheres recebem um link para preencher um formulário. A partir desse contato, as voluntários fazem os encaminhamentos que vão acompanhar caso a caso. Há lideranças de todas as áreas que estão a disposição para sanar possíveis duvidas das voluntarias, além de lideranças locais para encaminhar as mulheres para os serviços de determinados municípios, se necessário.

Entre os principais tipos de violência relatados, a psicológica lidera a lista. Para se ter uma ideia, das mulheres atendidas, 82% fazem menções a esse ato. Em seguida, 52% das respondentes afirmam sofrer ameaças, 43% enfrentam a violência física, enquanto 22% relataram a agressão sexual e 34%, a patrimonial. O que chama a atenção é o fato de boa parte dos relacionamentos já terem sido rompidos, no entanto, as mulheres (51% das atendidas) continuam morando com os agressores (ex-marido, ex-namorado, ex-companheiro), e aquelas que ainda mantêm a relação (17%) expressam o desejo do rompimento, e de se desvincular imediatamente de seus parceiros. Há, ainda, o restante desta parcela, 32%, representada por aquelas que já estão em outros relacionamentos, porém, não conseguem manter o companheiro anterior distante, aumentando o medo de sofrer algo ainda pior.

 

Príncipios :

  • Acesso
  • Acolhimento
  • Comprometimento
  • Coragem
  • Dignidade
  • Elo
  • Ética
  • Esperança
  • Fortalecimento
  • Generosidade
  • Liberdade
  • Saúde
  • Empatia
  • Cuidado
  • Respeito

 

Dados do projeto

  • 12.648 atendimentos até 31/12/2022.
  • 5.281 vítimas fizeram seu primeiro pedido de ajuda através do projeto
  • 8.979 das vítimas o agressor é o ex ou atual.
  • 8.671 das vítimas sofrem violência em casa.
  • 82,44% das denúncias são de violência psicológica
  • 67,89% das denúncias são de violência patrimonial.
  • 20,96% dos agressores denunciados não estão presos.
  • 5 a cada 10 mulheres são pretas, pardas ou indígenas.
  • 4 em cada 10 mulheres estão desempregadas.
  • 7 em cada 10 mulheres tem renda até 1 salário mínimo.
  • 7 a cada 10 mulheres relatam situações de média ou alta gravidade.
  • 6 a cada 10 mulheres tem filhos.

(Relatório março 2020/dezembro 2022)

 

12.648 – Vítimas atendidas

12.228 –  Voluntárias cadastradas

(Dados atualizados dia 06 de Maio de 2022).

 

 

 

O atendimento é feito de forma gratuita e on-line, por meio do site https://justiceiras.org.br/ ou WhatsApp (11) 99639-1212. É só preencher um formulário eletrônico para ser direcionada a uma equipe voluntária, profissional e multidisciplinar.

 

(Fontes Justiceiras.org e Mariane Mansuido)

Matéria da Edição 259