Nome Avaré tem a ver com os padres jesuítas.
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Gesiel Júnior

Muitos dos que vivem na Estância Turística de Avaré ainda desconhecem a origem e os sentidos dessa palavra oriunda da família linguística tupi-guarani. A propósito, 32% das cidades brasileiras possuem nomes de procedência indígena. Oportuna é a busca por conhecer, mediante persistente pesquisa, a origem dos topônimos da nossa cultura nativa.

A expressão grafada como Avaré, Abaré, Baré e até Abaruna, segundo variação fonética, é derivada do tupi awa’ré. Significa “pessoa amiga de roupa preta”, neste caso, o padre que traja batina escura. “Gente diferente” é outra interpretação dada por linguistas, mas esse conceito serve também aos missionários jesuítas, a quem coube a catequese dos aborígenes.

O pesquisador Gesiel Júnior na nascente do Rio Novo, em 2007. Foto Refon

Fora do conjunto

Em fins dos anos 1840, nas barrancas do Abaré-i, em terras além de Botucatu, já havia fazendeiros assentados, registra o pesquisador itatinguense José Leandro Franzolin. “Eram gentes de Bárbara Fé do Nascimento e do coronel Eduardo Lopes de Oliveira”, identifica ao se referir aos pioneiros da região, ambos ferrenhos adversários na política imperial.

Segundo Franzolin o primeiro povoado do Rio Novo prosperou. Esse curso d’água, por sinal, tem sua nascente situada perto da vizinha cidade de Itatinga. Porém, os sertanejos “em algum tempo que medeia essas datas transferiram morada para seis ou sete léguas dali, onde surgiu outra vila para a qual se arrastou o nome de Rio Novo. Essa outra vila é hoje a cidade de Avaré”, ensinava, sem justificar qual teria sido o motivo da mudança, argumentando ser lícito, contudo, dizer-se que ambas as localidades surgiram “nos rastros do ouro”.

Procedente do tupi-guarani, a tradução adjetiva de Avaré “qualifica aquilo que esteja fora do conjunto”, interpretava Franzolin, o que o fez concluir que os Caiuás, nativos da região, chamavam de Abaré (que o português transmudou para Avaré, trocando o B pelo V), o missionário.

Os índios estavam acostumados a ver o homem branco sempre em bandos enquanto que o missionário andava só. Chamavam também de Avaré ao índio que, envelhecido, deixava a tribo e ia morar numa choça fora da ocara”, informa o pesquisador.

Ao Rio Novo os índios chamavam de Abaré-i. Na língua indígena a vogal final designa a água. Segundo Franzolin, os índios queriam expressar que aquele rio estava fora do conjunto natural.

Enquanto ao Norte os rios se dirigiam para a Bacia do Tietê e ao Sul corriam para o Paranapanema, o Abaré-i corria para o espigão, para o Oeste e diferentemente dos demais. Por conseguinte, fora do conjunto”, descreveu.     

Outra forma de aplicar o adjetivo, observava o pesquisador, está clara na fazenda de propriedade do coronel Eduardo Lopes de Oliveira e que herdou o nome de “Fazenda do Avaré”. Nessas terras, bem afastado da “Cuesta”, indicava Franzolin, há um morro isolado ao qual os nativos chamavam de Abaré “também por estar fora do conjunto dos morros que formam aquele trecho da Serra de Botucatu”.