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Por Daniel Resende

Vivemos em uma era de muitos avanços na ciência, mas em contrapartida o repúdio e descrédito por essa área cresceu, principalmente com o início da pandemia de coronavírus. Isso deu brecha para o negacionismo que a Academia Brasileira de Letras define da seguinte forma “atitude tendenciosa que consiste na recusa a aceitar a existência, a validade ou a verdade de algo, como eventos históricos ou fatos científicos, apesar das evidências ou argumentos que o comprovam”.

O mundo está enfrentando uma das maiores crises sanitárias da história mundial, comparável ao que foi presenciado durante a crise de 1929, afirma o Fundo Monetário Internacional. E o que se tem até aqui é angústia e desespero, muitos países conseguindo bater metas de vacinação, enquanto que no Brasil, a situação é cada vez pior. Os problemas que permanecem em uma sociedade estão de acordo com a forma de administração e é necessário analisar o que diz os órgãos competentes para tomar decisões, a fim de buscar benefício geral.

No início do segundo trimestre do ano, o Brasil se tornou o epicentro da Covid-19. Colapso no sistema de saúde, números elevados de mortes, pessoas em filas esperando vagas nos hospitais, escassez de insumos para produzir vacinas e falta de oxigênio para os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com todos esses problemas ainda se espalha uma crença de que o vírus não existe e que o uso de máscara é desnecessário.

Um dos primeiros a adotar esse pensamento foi um chefe de Estado.O presidente Jair Bolsonaro já apareceu em aglomerações sem utilizar máscara e apoiou o uso de medicamentos, como a cloroquina, não comprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A produção em larga escala de cloroquina custou 1.165.378,81 reais aos cofres públicos, de acordo com à Lei de Acesso à Informação.

Os especialistas afirmam que a máscara é uma das formas de prevenir o contágio, mas claro, se usada corretamente. Ela é necessária até que chegue a vacina para todos, mas a realidade no Brasil é de medo; o país não tem nem 20% de vacinados com a primeira dose. Uma das explicações para essa lentidão é a falta de insumos para a produção e também a atitude do presidente,no final de 2020, de barrar a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa, produzida pela farmacêutica Sinovac. “A vacina da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população. Esse é o pensamento nosso. Tenho certeza que outras vacinas que estão em estudo poderão ser comprovadas cientificamente, não sei quando, pode durar anos”, afirmou o presidente em outubro do ano passado.

Alguns órgãos existem para facilitar o trabalho de determinada área. Assim, quando a ANVISA considera útil e aprova o uso de determinado medicamento é porque ela é competente para isso. É mais uma atitude de negacionismo, que o professor e historiador Rafael Henrique Antunesdefine como, “As pessoas negam os conhecimentos científicos, afirmando que eles não são verdadeiros. O grande problema hoje é a desinformação e o fato de que as pessoas quando tornam-se negacionistas, passam a ser contrárias ao ditames da ciência”.

Muitas pessoas tomam atitudes tendo como base figuras importantes e quando um chefe do Executivo vai contra os ditames da ciência, temos nisso um problema. Atitudes como essa leva a sociedade por um caminho de descrédito de instituições competentes;  com isso, festas clandestinas são flagradas, pessoas sem máscara ou usando de forma adequada andando pela rua, porque há um pensamento de que está tudo uma maravilha com o planeta. Infelizmente essa não é a verdade.

 *Daniel Resende é estagiário do curso de Jornalismo da Eduvale