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A jornalista Elaine Abramides postou hoje em suas redes sociais, seu depoimento à Câmara de Vereadores de Pardinho, na CPI (Comissão Processante de Investigação) que investiga o vereador Célio de Barros, o Celião (PSDB) por assédio moral.

A CPI foi aberta a pedido da própria jornalista que foi brutalmente ofendida pelo vereador com uma fala machista e ofensiva durante uma reunião parlamentar. “Quando eu estava de prefeito, ela [jornalista] só faltava dar pra mim” , disse o vereador em áudio já publicado pelo in Foco. Posteriormente, o edil chegou a pedir desculpas publicamente à jornalista.

À CPI, Elaine falou sobre a grande repercussão do caso em toda a região e sobre os inúmeros apoios que recebeu, incluindo da Associação Paulista de Imprensa (API) de Avaré e do jornal in Foco. “Que sirva para encorajar outras mulheres” frisou sobre sua atitude de se expor e manifestar-se contra esse tipo de assédio.

A jornalista relatou ainda como esse comentário impactou sua vida, sua família e até seu filho e frisou que as principais testemunhas dela estavam no plenário, já que vereadores participavam da reunião na qual surgiu o assédio. “Não vou admitir que mexa com a minha honra como mulher e mãe”, reforçou.

Ontem tiveram início as oitivas da CPI; entre as testemunhas arroladas pelo vereador estava o deputado Fernando Cury (sem partido) que não compareceu. Para lembrar, Cury foi afastado por seis meses, infelizmente sem perder o mandato e responde por crime de importunação sexual contra a deputada Isa Penna. O deputado apalpou os seios da colega em plena sessão. Na cidade de Ourinhos foi suspensa a concessão de um titulo de cidadão como forma de retaliação; em Avaré ele foi homenageado por uma instituição filantrópica.

 

Relembre o caso

Em abril, foi instaurada uma CPI (Comissão Processante de Investigação) que afastou Celião para analisar a denúncia feita pela jornalista Elaine Abramides à Câmara de Vereadores de Pardinho contra o vereador Celião (PSDB) por assédio moral.

O vereador acabou voltando ao cargo através de liminar provisória, após duas tentativas de retomar a cadeira.  Quatro parlamentares votaram a favor do afastamento do vereador e quatro votaram contra: Renan Pereira Eburneo, Diego Ribeiro Marcelo Camargo e o denunciado , Celio de Barros. O presidente da Câmara, Aires Nelson Merlin, deu o voto de desempate e aprovou o pedido. Um dos que votou contra o afastamento de Celião, é o vereador Renan Eburneo, investigado em denúncia por desvio de verba pública.

Em sua defesa, Celião pediu o arquivamento da denúncia, alegando vários “vícios” que teriam sido cometidos pela presidência da Câmara e chega a escrever que “a suspensão de exercício de mandato eletivo não é matéria cuja disciplina jurídica, na definição de suas hipóteses, possam ser da competência da Câmara Municipal” e que “o Regimento Interno da Câmara Municipal não prevê o afastamento imediato de vereador quando de denúncia apresentada por pessoa natural ou jurídica”.

“É poder demais aos Municípios que o constituinte não lhes outorgou: definir o recebimento de denúncia por falta de decoro ou infrações politico-administrativas dos Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores e, até mesmo criar figura impeachment, instituto de feição caracteristicamente política, em nível municipal”, alegou.

O vereador também argumentou que não disse o que está nos áudios embora tenha pedido desculpas publicamente à jornalista na sessão em que foi afastado e aprovada a CPI. A Comissão Processante deve encerrar a investigação até julho e espera-se que o vereador seja cassado.