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Fique alerta para estes comportamentos

  1. Frases de alarme – Existe um mito de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar com suas vidas. “Isso não é verdade, falar sobre isso pode ser um pedido de ajuda”, afirma Mônica Kother Macedo, psicanalista especializada em suicídio e professora da PUCRS. Adriana Rizzo, engenheira agrônoma voluntária da ONG Centro de Valorização da Vida (CVV) há 16 anos, já atendeu milhares de ligações de pessoas que pensavam em suicídio. Algumas das frases mais comuns ouvidas por ela foram “não aguento mais”, “eu queria sumir” e “eu quero morrer”. Então, se você ouvir um parente ou amigo falando algo do tipo, preste atenção.
  2. Mudanças inesperadas – Todo mundo passa por mudanças na vida, faz parte do pacote. Mas algumas mudanças podem ser traumáticas quando não estamos preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por uma depressão ou outro problema psíquico dificilmente terá condições de encarar uma mudança inesperada, como perder um emprego que considerava muito importante. “Alguém tinha um hobby e abandona tudo, era super vaidoso e fica desinteressado. A mudança de comportamento é o momento em que a gente se aproxima da pessoa para saber o que está acontecendo, porque quem sabe dividindo ela vai entender que é só uma fase”, diz Macedo.
  3. Depressão e drogas – As estatísticas alertam: para cada suicídio, há entre 10 e 20 tentativas, ou seja, quem tentou suicídio está muito mais vulnerável. “Uma tentativa de suicídio é o maior preditor de nova tentativa e de suicídio”, diz o psiquiatra Humberto Correa da Silva Filho, vice-presidente da Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio. Segundo alerta: quase 100% das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema mental – a maioria depressão. Quem está sofrendo depressão ou outro transtorno devem receber maior atenção . E, se a pessoa consome álcool ou outras drogas, atenção redobrada.  “O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos de suicídio. Depressão e consumo de álcool e drogas é responsável pelo maior numero de mortes no mundo inteiro”, afirma o psiquiatra Jair Segal.
  4. Pode não ser só aborrescência – As taxas de suicídio dos jovens brasileiros aumentaram mais de 30% nos últimos 10 anos. Mas, muitas vezes o comportamento errático atribuído como típico do adolescente pode ser um sinal de intenção de suicídio. “Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas adultas. O adolescente apresenta outros sintomas, ele vai se trancar no quarto, não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da adolescência normal, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma forma clara”, explica Segal.
  5. Preto no branco – Somente 15% dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa continua sendo a maior causa do suicídio. Por isso, é preciso ficar atento quando a pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. “Para o deprimido, o mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa autoestima, desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo”, explica o psiquiatra Aloysio Augusto d’Abreu. Quando em depressão severa, a pessoa se isola dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de urgência.
  6. Bom demais para ser verdade – Um caso que marcou o psiquiatra d’Abreu foi o de um paciente muito deprimido que simulou uma melhora para passar o final de semana em casa e, lá, usar uma espingarda para se matar. A simulação de melhora é comum em diversos casos de suicídio, então, se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá-la para garantir que ela não tentará o suicídio.

O que você pode fazer?

Segundo o psiquiatra da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, o ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. “Se possível, acompanhe-a a um profissional de saúde e peça orientação”, diz. Outra medida é retirar acesso de ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa – como arma, remédios e substâncias tóxicas – para evitar o uso delas em um impulso. Além disso, há outras maneiras de ajudar alguém com comportamentos ou pensamentos suicidas. O mais importante é não deixar de ajudar.

Busque entender sobre o assunto – Como ajudar alguém em relação a um assunto o qual você não tenha o domínio? Portanto, pesquise as principais causas, os sinais, e a possível origem destes pensamentos suicidas.

Ouça – No caso dos jovens, o diálogo é mais difícil, tendo em vista que estão constantemente conectados nas redes sociais e não estão se relacionando com as pessoas ao seu redor. A psicóloga Ana Cláudia Foelkel Simões, alerta: “Muitas vezes, os adolescentes vêm a público – através das redes sociais – falar (ou escrever) sobre os seus pensamentos mais negativos. Estes sinais devem ser levados a sério, e não ignorados.” Muitas vezes, ao passarmos por alguma dificuldade que inicialmente parecia não ter solução, o simples fato de desabafar (e alguém realmente nos ouvir), alivia nosso fardo e nos dá força para prosseguir. Assim sendo, ouça atentamente o que ele tem a dizer.

Mostre que você se importa – Quão maravilhoso é saber que somos amados e que há alguém se importando com nossa felicidade e bem-estar! Não é mesmo? Demonstre seu amor e carinho pela pessoa e faça-a sentir-se bem em sua companhia. E expresse sua gratidão a ela por confiar seus desabafos com você.

Entenda, e não julgue – Tenha empatia. Esta é uma habilidade de extrema importância: colocar-se no lugar do outro, em vez de “apontá-lo o dedo”. Desta forma, você poderá entender melhor as dificuldades e necessidades da pessoa, e ela sentirá segurança em você.

Estenda a mão – Coloque-se à disposição em ajudá-la no que for preciso, mostre que ela pode confiar em você.

 Ajude-o a reconhecer motivos para continuar a viver – A dor e o sofrimento podem ofuscar momentos de alegria. Ajude a pessoa a reconhecer por ela mesma as coisas positivas. Por exemplo, leve-a a um passeio para apreciar a natureza, e crie ambientes agradáveis em família.

Faça-o sentir-se útil – Fique em alerta para não fazer a pessoa se sentir sufocada com suas preocupações. Por isso, tenha conversas sobre assuntos seculares, peça ajuda a ela em coisas que ela tenha facilidade e domínio, como tarefas escolares, domésticas e profissionais. Peça para ela lhe ensinar uma receita culinária, ou alguma habilidade artística que ela possui. Desta forma, ela se sentirá útil, e não excluída e esquecida.

Encoraje-o a buscar ajuda especializada – Persistindo os pensamentos suicidas, tenha uma conversa aberta com a pessoa que você está ajudando e incentive a buscar ajuda especializada.  O Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo pelo telefone 3733.2525.

A resposta é celebrar a Vida 

O mês de agosto fez jus ao ‘agouro’ em Avaré; três suicídios foram registrados, além dos casos já registrados no primeiro semestre e em anos anteriores e que infelizmente contribuem para que a cidade continue a ter enorme incidência, ocupando o 9º lugar no ranking das 100 cidades com maior incidência de suicídios no Brasil (os dados ainda não estão atualizados).

A cidade tem um alto índice de suicídios, levando em consideração o número de habitantes.

Mas a contrapartida existe. Cada vez mais tem aumentado o número de voluntários no CVV (Centro de Valorização da Vida) e na Rede de Proteção à Vida – ambas entidades, voltadas totalmente à prevenção do suicídio e como o nome diz, à valorização da Vida. E desta forma, a cada ano, eles tem feito mais ações preventivas.

“O CVV em Avaré foi criado pela Loja Maçônica Fraternidade Avareense em 2008 quando prepararam toda a estrutura para abrir o posto de atendimento e foi inaugurado em 01/09/2009. A Rede de Proteção à Vida foi criada em Botucatu oriunda de um projeto na empresa Caio, idealizada pela Assistente Social Silvânia e o médico psiquiatra Dr. Bertolote em março 2016”, explica o gerente de RH, Marcelo Rodrigues Cândido, responsável pela implantação do Rede em Avaré há um ano.

“O CVV atende quem procura atendimento telefônico, com sigilo e discrição, tendo uma metodologia própria. A Rede é um grupo de voluntários de diversos segmentos que realiza campanhas de prevenção ao suicídio, bem como atividades de conscientização sobre o tema. Em breve, com o cadastramento de voluntários, passará a atender através de telefone e whatsapp, as pessoas que desejarem auxílio e tratamento”, relata, explicando sobre as funções de cada órgão. Atualmente, ambas as entidades contam com cerca de 25 voluntários e a média de atendimento pelo CVV é de 77 casos ao mês. “A Rede ainda não realiza atendimentos. Mas os voluntários atuais têm recebidos pedidos de ajuda”, reforça Marcelo.

Na opinião dele, não há apenas um fator por trás do suicídio. “ É um processo que se desenvolve por um médio ou longo prazo. Alguns motivos: Transtornos psicológicos, Acúmulos de sentimentos negativos, de frustrações e fracassos, solidão, depressão. Um processo que é construído gradativamente.   Alguns fatores de risco: Alcoolismo, Dependência Química, Transtornos alimentares, Depressão e demais patologias psíquicas. Como acontece em todo o mundo, o CVV e a Rede vão realizar o Setembro Amarelo, com uma extensa programação este ano (veja na página 28, que antecede esta matéria). Também foi instituída através de Lei, a Semana Municipal de Prevenção ao suicídio, que ocorrerá entre os dias 10 a 17 de setembro. Em outubro, o CVV vai realizar um novo curso – PSV Programa de Seleção de Voluntários que será divulgado brevemente. Como se vê, há uma enorme resposta da sociedade humanizada, a favor da Vida. E a sua resposta? Que tal começar com um sorriso?

(Fontes – Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio, Uol, Galileu, BBC, G1, IstoÉ, Deepask, Wikipédia, CVV, Ministério da Saúde, OMS, Global Burden of Disease e Organização Mundial da Saúde)