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Desde o nascimento até a morte, a mulher tinha o seu destino traçado. No momento do nascimento seu pai determinava sua vida. Se ele a erguesse a recém-nascida significava que era bem vinda. Caso contrário, era abandonada.

O nascimento de uma criança de sexo feminino representava um grande encargo para a família. O pai só era obrigado a aceitar a primeira filha do casal. Aos sete anos, a menina estava apta para o noivado. Nesta fase, a mãe ensinava a filha a arte de fiar e de governar a casa, pois, mais tarde, a ela caberia gerir estas atividades domésticas. A idade legal para uma mulher casar era de 12 anos ( para os homens,  14 ).

A mulher casada e tudo o que a ela pertencia ficava sempre sob a alçada do marido, pois a forma jurídica comum era o in manum, em que deixava de pertencer ao pai para passar a pertencer ao esposo. O marido detinha autoridade total sobre todos os que dele dependiam, desde a mulher aos filhos e escravos, podendo decidir até sobre o direito à vida ou morte deles.

Era assim que a vida das mulheres em Roma, que não era muito diferente de outros impérios ou países – da pré-história à Inquisição até os dias atuais, já que em vários lugares – em pleno século XXI – as mulheres continuam subjugadas.

Partido do pressuposto da escravidão feminina, claro que as mulheres tem que comemorar o 8 de março – e  muito! Com direito a mimos e homenagens!

Embora seja jargão, não devemos usar a data apenas para celebração, mas principalmente para reflexão e mudanças de atitudes com relação ao machismo estrutural ou não.

Piores países para ser mulher – Segundo o estudo “Women, Peace and Security Index”, criado pelo Instituto para Mulheres da Universidade de Georgetown,  os dez piores países para ser mulher são Afeganistão , Síria, Iêmen, Paquistão, Iraque, Sudão do Sul, Chade, República Democrática do Congo, Sudão e Serra Leoa. O estudo é baseado em dados que medem a inclusão das mulheres, acesso à justiça e segurança em 170 países.

No Afeganistão, por exemplo, o Talebã acabou com quase todas as liberdades conquistadas pelas mulheres afegãs desde a passagem dos islamistas radicais pelo poder, há duas décadas. Uma série de decretos e notas de orientação oficial colocaram restrições rigorosas formalmente em vigor, embora a maneira como elas foram aplicadas e cumpridas tenha sido irregular, com algumas variações regionais.

Em 2020, o novo governo do Sudão criminalizou a prática da mutilação genital em mulheres, um passo considerado uma vitória por movimentos de direitos das mulheres. A Organização das Nações Unidas estima que nove em cada dez mulheres sudanesas foram submetidas a essa prática violenta, que inclui a remoção parcial ou total da genitália feminina e que leva a problemas de saúde. Mas isso não acaba com a prática.

No Egito, por exemplo, a mutilação genital foi banida em 2008, e uma emenda à lei foi feita em 2016 para criminalizar médicos e familiares que facilitavam a realização da mutilação. Eles, hoje, podem ser presos por até sete anos e, se a mutilação levar a um problema de saúde ou morte da mulher, a pena pode chegar a 15 anos. Mesmo assim, os processos são raros e as operações continuam, com 70% das mulheres egípcias entre 15 e 49 anos tendo sido mutiladas, a maioria quando tinham 12 anos. Os números são da ONU.

Nos dez países mais pobres, as mulheres, em média, não concluíram mais do que a escola primária, pelo menos 16% das mulheres sofreram violência nas mãos de seu parceiro íntimo no ano passado, e não mais de uma mulher em cada três tem acesso à sua própria conta bancária.

Brasil – Nosso país é o 80º colocado (empatado com Fiji e Suriname) em um ranking que analisa a qualidade de vida para mulheres.  O índice captura e quantifica as três dimensões da inclusão das mulheres (econômica, social e política), justiça (leis formais e discriminação informal) e segurança (nos níveis individual, comunitário e social) por meio de 11 indicadores.

Lideram o ranking dos melhores, dez países europeus: Noruega, Finlândia, Islândia, Dinamarca, Luxemburgo, Suíça, Suécia, Áustria, Reino Unido e Holanda. Sobre empregos igualitários, o relatório pontua também que em 2018 a Islândia tornou-se o primeiro país a exigir que empresas com pelo menos 25 funcionários provem que estavam pagando homens e mulheres igualmente.

O Brasil obteve uma média de 0.734. A média global é de 0.721. Segundo o estudo, a América Latina tem um desempenho ruim em segurança comunitária, com pouco mais de uma mulher em cada três sentindo-se segura andando sozinha em seu bairro à noite, em comparação com quase quatro mulheres em cada cinco no leste da Ásia e no Pacífico. Neste quesito, a porcentagem do Brasil ficou em 31,5%. Em nível de comparação, a Noruega, top 1 do ranking, registrou 89,5%.

(Fontes Revista Veja, Comunidade cientifica de língua portuguesa – A Pátria e A História social de Roma. Lisboa: Ed. Presença, 1989)

Matéria da edição 259