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A pandemia causou uma infinidade de problemas em nosso país e no mundo e continuará causando por muito tempo ainda. O vírus matou milhares de pessoas, deixando-as em luto sem poder velar os mortos. Esse fato já é um complicador na elaboração dessas perdas, mas existem muitos outros lutos a serem elaborados, como a perda do emprego, das empresas fechadas sem previsão de volta, etc.
Outro fato muito preocupante que também aconteceu foi o aumento exagerado nos casos de separações e divórcios. O Colégio Notarial do Brasil aponta um aumento de 15% no número de divórcios consensuais entre 2019 e 2020. Em 2021 ocorreu um novo recorde de separações oficiais de 18,7 %, sem contar as separações não registradas em cartório, esses números chegam a ser pandêmicos.
Além dos cartórios, alguns advogados relatam o aumento significativo na procura de casais em busca da separação. Nos consultórios de psiquiatras e psicólogos percebeu-se o crescimento exponencial na procura por tratamentos relacionados aos danos causados pela pandemia.
Quais seriam as causas desse aumento de separações justamente durante a pandemia? Alguns fatores como: maior período de convivência em ambiente doméstico por conta do isolamento social, a longa fase de confinamento muito além do esperado, as crianças ficaram sem escolas e creches demandando atenção em tempo integral, a divisão das tarefas domésticas, o trabalho realizado em casa (home office), o desemprego, enfim, essas podem ser algumas das principais causas relacionadas com o aumento do número de divórcios.
Alguns casamentos, provavelmente, já estavam com inúmeros problemas, a pandemia pode ter precipitado o que já estava latente. Conviver, como a própria palavra traz em seu significado é ter convivência, ter intimidade, viver com o outro. Essa convivência diária e íntima, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, poderia ter sido muito boa, os casais poderiam ter aproveitado e resgatado o tempo perdido, pais e filhos interagindo desde as tarefas escolares, jogos, brincadeiras, conversas. Casais que possuíam um vínculo forte e bem estabelecido conseguiram superar os problemas e unir-se ainda mais.
Porém, existe outro lado não tão bom, muitas vezes esses familiares foram tornando-se estranhos dentro da própria casa, a convivência era superficial, o vínculo pode ter se quebrado. O casal pode ter se distanciado dos planos iniciais do casamento e tudo pode ter perdido o sentido. Conviver requer respeito, empatia, flexibilidade, soma-se a tudo isso o medo, o vírus desconhecido, a pressão externa, o trabalho, entre outros. A pandemia pode ter acelerado alguns processos de separação e evidenciado outros, seja de forma direta ou indireta. Infelizmente a maiores vítimas são as crianças, que precisam ser acolhidas nesse momento tão complicado da humanidade.