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O médico neurologista e psiquiatra Sigmund Freud enumera três momentos em que a ciência golpeou o ego humano referindo-se a eles como feridas narcísicas. São elas a descoberta do modelo heliocêntrico, a Teoria da Evolução das Espécies e a psicanálise de Freud.

Para explicá-las, utiliza-se simbolicamente de eventos ocorridos nos últimos séculos, como por exemplo, os estudos do astrônomo Nicolau Copérnico no qual afirmava que a terra não é o centro do universo, teoria heliocêntrica do Sistema Solar, a terra gira em torno do sol e não o contrário. A centralidade do universo não residia mais no mundo.

Serviu-se também do mito grego de Narciso para completar sua teoria. Na história mítica ao apaixonar-se por sua imagem refletida no lago, Narciso morre afogado. Essa primeira ferida narcísica seria, metaforicamente falando, a descoberta de que o universo não gira em torno do umbigo humano.

A expressão narcisismo popularizou-se e recebe várias conotações, até mesmo pejorativas. É um conceito psicanalítico muito importante e vem sendo estudado e difundido ao longo do tempo. O conceito é fundamental. É importante pontuar que todo indivíduo no início da vida necessita de uma dose de narcisismo para desenvolver a autoestima e o amor próprio, chamado neste caso de narcisismo primário. Isso fica fazendo parte da estrutura psíquica ao longo do desenvolvimento. O problema ocorre quando há o excesso de narcisismo, muitas vezes patológico, fazendo o indivíduo perder o contato com a realidade na medida em que só consegue ver a si mesmo.

A primeira ferida narcísica desenvolvida por Freud refere-se, portanto, ao sofrimento humano em descobrir que não é o centro de todas as coisas e que o mundo não gira em torno dele. O ego humano é ferido ao constatar que assim como a terra gira em torno do sol, fazendo parte de uma galáxia dentre tantas outras, ele também orbita ao redor dos seus semelhantes. A concepção que conferia à humanidade um lugar e um estatuto privilegiado frente às outras espécies ficou inexoravelmente afetada. Os adventos científicos abalaram algumas convicções tidas como absolutas. O homem com toda sua inteligência e consciência faz parte do sistema como todas as outras espécies,além disso, sua existência é efêmera como assim como elas.